O céu às cores

Alguém me disse, há algum tempo atrás, que antes de qualquer coisa que queiramos fazer da nossa vida, é necessário arrumarmos a nossa própria "casa"... pois bem, resolvi levar isto muito a sério e eis que comecei por remodelar um pouquinho o meu cantinho. E foi mesmo só um cantinho! Mais precisamente, um canto muito particular na minha sala. Meti mãos à obra e lá fui eu decidida comprar tintas, rolos, fitas adesivas, pincéis e sei lá mais o quê... mal sabia eu a trabalheira que aquele cantinho me ia dar... mas valeu a pena!

A meio da minha aventura, já me maldizia e resmungava como gente grande, de tanta tinta salpicada por todo o lado... mais, eu mesma parecia um autêntico quadro made by Marta, de tão coloridinha que estava (aliás, acho que cheguei mesmo a engolir alguma coisita, por isso, se me virem um bocadito para o amarelita... é mesmo da tinta, e não porque esteja doente ou coisa do género!). Por momentos, dei comigo pendurada no tecto, tipo, "homem-aranha", mas na versão feminina e vestida com roupa de cirurgião, com touca e tudo (pedi "emprestada" ao Hospital onde o meu filho foi operado recentemente... foi por uma boa causa). E tive audiência e tudo! Devem ter pensado que era louca ou algo do género... ainda por cima, com o meu historial de quedas e idas para o Hospital de urgência, simplesmente, porque resolvi partir alguns membros...

O importante não foi pintar aquele pedaço de parede só porque queria que se identificasse comigo e com as minhas tendências orientais. A maior revelação foi sentir na pele aquela sensação imperdível de estar sentada no chão, no meio de jornais sujos, tinta, trichas e pincéis e dar comigo, de inicio, a sorrir e logo a seguir, começar a rir à gargalhada. Tinha-me dado um gozo desgraçado perceber que tinha "pintado o céu" - o meu céu, exactamente como queria, com as cores que escolhi para mim, para a minha vida... sem ter que depender de ninguém para atingir os meus objectivos, para estar bem comigo mesma. Façam a interpretação que quiserem. Posso apenas dizer que estou a adorar a minha fase de "arrumações" - é um novo fôlego, uma nova etapa, da qual não pretendo ter receio. Não importa se no meio dos meus traços grotescos, as coisas não correm bem, se choro, se grito, se fico frustrada... Não importa nada disso - o que importa é que tentei, que me esforçei, que suei para conseguir o que queria...

Não interessa que parede vou "pintar" a seguir e de que cor, desde que seja eu a escolher!