Tá-de-chuva...

Converso comigo mesma, deambulando pela casa... Fico parada na janela. Há nuvens no céu. Cinzentas. A meio da conversa, acontece algo fabuloso e inesperado. Alguém se lembrou de abrir as comportas do céu...
Olho à volta mas não há nada. Imagino-me noutro tempo, noutro lugar. Só o mar e aquela imensidão de areia que me rodeia; não vejo onde possa refugiar-me das fustigadelas que me atingem o rosto, o corpo. O primeiro impulso é correr para chegar a algum sítio onde me possa esconder da chuva, da tempestade que ameaça chegar rapidamente. É então que me confronto com os meus próprios pensamentos e com os meus próprios fantasmas.
Mas tudo não passa de uma tempestade passageira. E de repente, dou por mim a dançar na chuva, a sentir... deixar aquelas gotas escorrer pela minha pele; molhar-me; fechar os olhos; sorrir e saborear o gosto dela nos meus lábios, na minha boca. Não ter medo. Não querer sair dali simplesmente porque foi o meu momento de liberdade. Apenas meu. Mais um momento de reflexão e volto a pensar que até nestes momentos, tempestuosos, por que todos passamos, não devemos deixar de sorrir, de cantar, de abraçar a chuva. A chuva que nos inunda com a sua pureza e que vem limpar o nosso caminho acabando inevitavelmente por nos facilitar a caminhada porque leva com a sua força tudo o que nos faz mal, deixando-nos leves na nossa árdua tarefa de sermos felizes.

Comentários

Llyrnion disse…
Poderia dizer muita coisa, mas vou dar a palavra a alguém que já o disse, e de uma forma infinitamente mais inspirada que eu alguma vez conseguiria.

"But if you fall and take a tumble it won't be far
If you fail you mustn't grumble
Thank your lucky stars
Just savour every mouthful
And treasure every moment
When the storms are raging round you
Stay right where you are" (Queen, "Don't try so hard")

Nem sempre é fácil, mas quando o conseguimos, a paz, a leveza de que falas, é indescrítivel

Mensagens populares deste blogue

Foda-se - por Millôr Fernandes

O estado de saúde em Portugal

Mariquices à parte...