Quem tem mãe, tem tudo...


Pois é, a maternidade é a coisa mais linda com que uma mulher pode sonhar... quer dizer, nem todas sonham com isso, mas pelo menos para aquelas que o desejam, é sem dúvida um dos momentos mais inesqueciveis da vida...
Passados alguns anos... ainda sonolenta levanto a cabeça para perceber quem trepa por cima de mim como se eu fosse uma montanha, e o filho em causa, o experiente alpinista, que sem dó nem piedade me vai dando pezadas de me fazer suar. Olho para a janela e percebo que ainda não amanheceu e penso que raio anda o miúdo a fazer por cima de mim... de repente oiço "mãmã, tou mai diposto..." Como quem não quer a coisa ou tão pouco quer acreditar no que quer que seja, digo-lhe para se deitar e fazer mais um ô-ô. Em vão, porque a seguir vem o meu desespero: posiciona-se a jeito e sem pré-aviso, solta uma golfada de uma pasta escura e mal cheirosa, vulgo vomitado. Bem, se até ai ainda estava mais para lá do que para cá, esse foi o momento decisivo para saltar cama fora, e antes que conseguisse agarrar no meu pequeno Tomás, ainda escorreguei no tapete e fui contra o armário. A custo, chegámos à casa de banho. E o pobre do meu bébé a tapar a boca de tão preocupado que estava em deixar um rasto atrás de si... que se lixe, a mãe depois limpa!
Não, a história não acaba aqui. Depois de tudo calmo e de ter lavado tanto o Tomás como tudo o resto cá em casa, aparece-me um segundo vulto deambulante no hall a segurar a barriguita ainda volumosa de bébé... meu Deus, o pesadelo voltou mas agora na versão da minha filha Inês. Tudo se repete mas agora sem tropeções e surpresas dolorosas; desta vez, sou mais rápida e praticamente arrasto a criança até à outra casa de banho... tenho consciência que é doloroso para ela mas eu, como mãe, sofro muito mais porque sei que não posso evitar aquele momento, não o posso transportar para mim. Ser eu a estar de joelhos no chão, agarrada à sanita e com os olhitos a revirarem-se, pedindo ajuda em silêncio. Quase que consigo ouvir o grito de súlplica... limito-me a ficar ali, a segurar-lhe a cabeça, a molhar-lhe a cara e a desejar que tudo não passe de um pesadelo do qual ainda não despertei... enfim, o despertador toca! E eu comento meio a rir "chegaste tarde demais...".
Sou uma com braços de polvo, chego a todo o lado e mesmo assim, não chego para as encomendas naquele amanhecer. Escusado será dizer que passei o dia entre telefonemas para a pediatra, para o Trim-Trim, canja de galinha, banhos constantes... e sei lá mais o quê.
Se vale a pena? Sem sombra de dúvida que sim. Não há nada que substitua mais tarde (aliás muito mais tarde) aqueles sorrisos muito timidos e ainda meio adoentados, que em surdina me dizem "obrigada, quem tem mãe tem tudo...".

Comentários

Anónimo disse…
Ainda não pertenço ao clube dessas sortudas - as maes -, se bem que também sou uma sortuda pq sou uma espécie de "tia-mãe"! Não há nada que dê mais prazer do que estar com as minhas princesas...um abraço ou um simples sorriso daquelas carinhas compensa tudo! Como te compreendo :)

PS: Espero que o Tomás já esteja melhor e já ande por ai aos saltos de alegria!
Boa ja consegues colocar fotos :)

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