Quem disse que educar os filhos era tarefa fácil?

Quando oiço a expressão “os filhos são o melhor que a vida tem”, num primeiro momento, tipo piscadela de olho, até concordo com isto… mas logo a seguir, dou comigo a pensar, o que realmente significa esta expressão. Não tenho dúvidas que o são, mas também não tenho dúvidas que é muito complicado, com a vida que temos hoje em dia, educar os filhos, e isso nem sempre transforma “o melhor que a vida tem” nos melhores momentos da nossa vida.
Educar um filho e principalmente, um adolescente, não é fácil. Além de termos de lidar com os desafios que um filho nos apresenta, ainda temos de lidar com os nossos próprios receios pelo facto de ele estar a crescer. E cada dia é um misto de emoções novas…
Tenho grande dificuldade em lidar com as vontades próprias com que os meus filhos me vão confrontando diariamente. Talvez ainda ache que os meus filhos são crianças e que ainda estão naquela fase de obedecerem a tudo que lhes digo, sem contestarem. Que grande utopia! Nunca nada está de acordo com os desejos deles; o que temos a dizer nunca faz sentido no mundo em que vivem e nunca nada é aceite sem contestação. A adolescência é um misto de sentimentos, não só para mim, mas certamente muito mais para eles. É a fase da redescoberta, de vivenciarem novas experiências, de fazerem novas amizades, das paixões e dos namoros… mas para mim, é também é a fase dos cabelos brancos, das irritações e das preocupações.
Alguém me disse, um dia destes, que nós, pais, temos de ser “rápidos a ouvir” e “vagarosos a falar”. Nada mais difícil de fazer! Tenho o coração na boca e por vezes, as palavras, saem-me a tal velocidade que quando me dou conta, já estou no meio de uma discussão absurda, onde ninguém se entende. Eu digo uma coisa, a minha filha diz outra, completamente oposta do que eu disse e assim por diante. Onde é que isto pára? Simples… com ela de “burro amarrado” a dizer mal (neste caso, a pensar para dentro) da mãe que tem! E comigo a remoer sobre tudo o que acabamos de dizer uma à outra.
Mais, no meu caso, os dramas são sempre a dobrar já que convivo diariamente com dois adolescentes de hormonas aos saltos. Não me queixo mas às vezes, falta-me o ar…
É a liberdade que reclamam terem direito e que me pergunto, quanta liberdade proporcionar-lhes? Às vezes, tenho a impressão de que, se dou uma mão, logo me pedem o braço!
Acredito que a liberdade é algo que se conquista. Não pode, pura e simplesmente, ser dada de bandeja, a um filho. E não estou a falar de algo que devemos ensinar só a partir da adolescência; é desde sempre, ainda quando são uns fedelhos pequenitos. Precisam, antes de tudo, de aprender que a liberdade traz também a responsabilidade, por isso, tudo o que fazemos tem uma consequência. O problema é tentar ensinar isto a um filho de 15 ou 16 anos. Acham sempre que este tipo de conversa é discurso moralista e um drama que os pais fazem, só porque sim. Que não queremos deixá-los viver a vida deles como querem e que não os deixamos correr riscos, por mais pequenos que sejam... É aí que o coração fica apertado porque por mais que digamos que não os queremos privar de viver e que apenas queremos garantir que dão os passos adequados de forma a não se magoarem (demasiado), acham sempre que é um exagero da nossa parte.
E que difícil é para eles aceitar um NÃO! É impossível permitir tudo. Seria, aliás, irresponsável da minha parte. E não há que sentir culpa com isso. Não faço tudo bem mas tenho a certeza que faço muitas mais coisas bem. Por isso, mesmo que me virem as costas e durante uns tempos, a nossa comunicação seja na base do “olá” e do “até logo”, que se lixe. Eu aguento bem a pressão, portanto, eles que lidem com ela também.
Dizer que NÃO é importante e esta é uma palavra que faz parte integrante do meu dicionário (não me interpretem mal, o SIM também), por isso, há que utilizá-la quando a situação assim o exige. À velocidade a que os miúdos hoje vivem, testando os seus próprios limites, é fundamental que tenham um travão, mas não estejamos à espera que sejam eles a imporem esses limites a eles próprios. É aqui que entram os Pais. E a seguir, a tormenta.
Seja como for, não interessa o quanto, mais ou menos, os meus filhos possam dar-me dores de cabeça ou me façam cabelos brancos. O importante mesmo, é eu sentir-me uma privilegiada pelo simples facto de eles fazerem parte da minha vida e eu da deles.
Para as coisas boas e para as outras. Sempre!

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