Melancolia...

Li algo sobre flores... e lembrei-me da última vez que recebi uma flor; lembro-me... foi uma rosa vermelha, de um vermelho intenso, vivo... logo a seguir lembrei-me também que era o vermelho de sangue, aquele sangue que em mim teve um efeito de dor, de angústia... Definitivamente, nada bom de recordar. Tentei apagar em mim essa imagem.

Costumo guardar todas as flores que me oferecem. Depois de secas, guardo-as dentro de livros, em quadros, onde calhar, porque supostamente me trazem boas recordações; lembranças de bons momentos, de felicidade... só que nem sempre é assim. Não é fácil cortar com o passado, com o que nos magoa, mas decididamente, há momentos em que se torna necessário apagar, eliminar, algo concreto, um objecto qualquer, que tem em si um significado. Parece que isso nos ajuda a dar mais um passo em frente. Ter a certeza que amanhã será melhor que hoje...

Às vezes, nos meio dos meus pensamentos vagos e descoordenados, assaltam-me ideias estúpidas sobre o que devia ter feito, ter dito, nesta ou naquela altura exacta... como se fosse possivel seguirmos uma linha certinha, sem hipótese de falha. Somos seres falíveis - sou uma pessoa que comete falhas, que nem sempre fez... faz as escolhas mais acertadas, e graças a Deus, isso faz de mim um ser imperfeito. Então, porque será que não quero aceitar que nem tudo pode sair perfeito à primeira? Lá estou eu outra vez... não há nada perfeito!

De facto, aquela rosa vermelha vinha envenenada, impregnada de um perfume enebriante... invadiu-me as narinas, espalhou-se por dentro de mim; magoou as minhas entranhas... deixou marcas e não mais me abandonou...

Melancolias de um final de tarde de Domingo...