Novas tecnologias versus novos filhos

As novas tecnologias são incriveis! E a minha filha, também!!!

Perguntam-me vocês - porquê? Que terá a Inês de tão extraordinário e ainda por cima, comparada às novas tecnologias?! Sim senhora, meus amigos... as novas tecnologias são fantásticas, aquilo que é possivel fazer com elas; às pessoas que podemos chegar sem lhes tocar; enviar-lhes um beijo de boa noite, assim sem mais nem menos... com isto, não estou a querer dizer que sou uma defensora da máquina em detrimento do homem - nada disso! Defendo absolutamente o contrário... mas confesso que ajuda muito, nos dias de hoje, a não cortarmos relações com as pessoas, principalmente com aquelas que ainda significam alguma coisa para nós, que de alguma forma, nos tocam bem cá no fundo do nosso coração.

Mas a Inês... parece que a minha princezinha cresceu e eu não me dei conta disso (ou antes, já me tinha apercebido, mas não com esta amplitude). Não é que numa destas noites, aproximou-se de mim e assim, como não quer a coisa, e muito naturalmente, diz-me "mãmã, quero mandar um mail...". Durante uns segundos, fiz uma espécie de rewind na minha "cassete cerebral" porque me pareceu que não tinha percebido muito bem. Pensei, talvez a minha boneca se tenha enganado e não fosse isso que queria dizer... enganei-me redondamente, porque ela voltou à carga e impulsionou o fast forward - que grande golpe na minha capacidade de acompanhar estes putos! Estou sem pedalada para isto... ora eu que ainda mal sei mexer nestas coisas das novas tecnologias, das internet's e afins, tenho à minha frente uma miúda de 6 anos a dizer que quer simplesmente enviar um mail.

Bem, bem, sentei-me com ela e comecei a ter uma conversa daquelas típicas, tipo receita de culinária, com as perguntas certinhas para tentar perceber onde é que ela tinha ido buscar aquela ideia. Qual conversa, qual carapuça... ainda se virou para mim e diz-me com uma lata do pior "g'anda nóia, mãmã, só quero enviar um mail para uma amiga tua, a Andreia... qual é problema? tu também envias, porque é que eu não posso?!" Haviam de ver a indignação na voz dela. Resolvi concordar com a condição de eu estar ali perto para ver o que escrevia, além de o fazer a partir da minha caixa de email - nada de caixas pessoais para uma criança de seis anos! Isso nem pensar - sei lá os malucos que andam por aí, à procura de criancinhas indefesas... é que isto não acontece só aos outros, nem somente do outro lado do Atlântico! Preocupação pura de mãe... Ficou tão contente que me saltou ao pescoço aos beijos de agradecimento - foi tanto o contentamento que me levou ao chão e me deixou estendida ao comprido - fiquei rendida pois...

O tempo passou e um destes dias, telefona-me da casa do pai, quase histérica e com uma voz de quem sabe e percebe do que fala: "mãmã, vai ver o teu mail... escrevi-te uma mensagem e quero receber uma resposta tua, agora, tens 5 minutos!". Fiquei enrolada numa toalha, já que estava a meio do meu banho relaxante, a pingar que nem um pintinho num dia de chuva e perguntei-lhe de onde me estava a escrever, ao que ela responde "agora tenho uma caixa só minha - foi o papá que fez uma para mim, mas está descansada que ele controla tudo". Está visto, fiquei sem palavras. Lá lhe respondi... de coração apertado mas sempre a dizer-lhe que gosto muito muito dela, daqui até ao céu...

Eles crescem. Eles adaptam-se. Eles aprendem. E se nós não nos despacharmos, não vai haver tecnologias suficientes que nos safem desta. Parabéns à minha princesa por ser tão crescidinha... mas não cresças muito depressa!