DESAPEGO


É preciso aprender a fazer o "luto" mas ao que parece é uma fase à qual não dá para escapar. Pensava que haveria alguma fórmula mágica que nos ensinasse como ultrapassar a dor que se sente após o fim de uma relação. Mas não.
Na palavra dos especialistas, temos de deixar fluir todas as emoções e deixar que elas permaneçam connosco o tempo necessário até se dissiparem. Até deixarem de doer e não passarem apenas de uma lembrança. Parece algo impossível de lidar mas temo que não haja outra alternativa.

Supostamente, devemos viver os sentimentos de modo natural; não lutar contra a tristeza ou a vontade de chorar. Devemos permitir-nos zangar, irritar-nos com o facto de ter acabado, bem como expressar toda a raiva e frustração em relação à outra pessoa porque nos fez sofrer e porque continua a magoar-nos apesar de já não terem nada a ver um com o outro.
Quando refletimos sobre tudo o que se passou, chegamos a diversas conclusões. Na verdade, concluímos que se calhar estivemos sempre na presença de uma pessoa desprovida de sentimentos e emoções. Então, devemos sentir-nos felizes porque somos o oposto. Sentimos, por isso, sofremos. Mas só por termos esta capacidade, podemos amar intensamente alguém. E também só podemos exigir este tipo de amor para nós. Não queremos aquele amor superficial que, tantas vezes, alguém achou ser suficiente dar-nos, quase como se fosse uma benesse incrível.

Sim, porque é assim que tantos “amam”. Superficialmente e sem verdadeiramente sentir os sentimentos e sem a partilha que um amor supõe. “Amam” as coisas materiais, o estatuto, o sexo, a juventude. Tudo isto dá força à vaidade. Mas não é AMOR. Isso é apenas para quem sente as emoções em profundidade e bem lá no íntimo do coração. De facto, este tipo de amor não é para todos.

Numa relação, tantos foram e sempre serão incapazes de sentir remorso, compaixão ou empatia. Na verdade, batemos de frente com alguém emocionalmente danificado, envergonhado do seu próprio EU e com uma baixa autoestima. Por isso, inaptos para receber afeto, carinho, amor do outro. Na realidade, são pessoas incapazes de reconhecer o amor e a atenção oferecidos. Sentem que é pouco… são uns pobres de espirito e de sentimentos!

Alguém vazio de interesse; vive sempre dedicado ao seu “falso self”. Transparece aos outros um falso Eu porque na verdade, o mais provável é sentir vergonha de si mesmo, da pessoa sem interesse que é e por isso, tem necessidade de agarrar-se a coisas que o façam revestir-se de algum interesse aos olhos dos outros. Mas a máscara vai cair e inevitavelmente quem rodeia pessoas assim vão acabar por perceber quem são na realidade.
Recordam-se dos tempos em que se sentiam sozinhas mesmo estando com ele ao vosso lado? Porque seria? O silêncio dilacerante, a indiferença amorosa, a falta de apoio e de companheirismo da parte dele. Tudo serve para fazerem sofrer. E o facto é que esse alguém não sente qualquer tipo de remorso ou constrangimento moral por assim se portar. Tudo é natural para ele, nada tem de mais. A culpa nunca é dele...

Um dia após o outro. Aceitem viver com gratidão pelo que a vida vos quiser dar.

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